sábado, 2 de junho de 2012

Intercom Sul Chapecó 2012

Às vezes a dificuldade em escrever vem da ausência da informação. No presente momento a dificuldade se dá por meio do excesso de coisas a serem ditas. Não sei por onde começar, e nem como organizar, já que foi uma experiência única e emocionante. Vamos tentar começar pelo começo.

Lá fora, neste instante, o céu está ficando escuro, por que já anoitece, e por que o tempo está feio. Vai chover. Tem um casamento acontecendo no Hotel, vejo a movimentação e penso: a vida anda pra frente, ninguém pensa no que passou, no que acabou. Eu ouço música enquanto escrevo, e por incrível que pareça, cantarolo. Estou feliz.


Aconteceu nos últimos três dias, 31 de maio, 01 e 02 de junho, o Intercom Sul, na cidade de Chapecó, na região oeste de Santa Catarina, se tropeçar, cai no Rio Grande do Sul. Aqui cabe um comentário, achei que ia voltar embora falando cantadinho, dizendo "toda vida reto" como o catarinense do litoral. Mas o sotaque aqui é muito parecido com o do paranaense e ainda se confunde com o riograndense. As pessoas falam "bah" e usam um vocábulo entre as falas, uma espécie de "hãã", enquanto pensam no que vão falar... Vejo isso na faculdade e no trabalho, às vezes. O congresso reuniu estudantes - óbvio - do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e tem dentro da programação o Expocom, que já está na 35ª edição. Pois é aí que começa a minha história.

Eu vim para Chapecó pois fui selecionada para a etapa regional do Expocom, que depois reúne os vencedores no Intercom Nacional, que neste ano vai acontecer em Fortaleza - CE. Já vou logo contando que não ganhei, não passei para a etapa nacional, não fui classificada. To repetindo assim pra ver se eu realizo a situação. Fiquei triste, é claro, eu vim para apresentar um trabalho do qual me orgulho bastante, apesar de saber que poderia ter ficado melhor. Mesmo assim, acima desta tristeza, ainda está um orgulho sobressalente, de poder dizer que fui selecionada, entre tantos trabalhos, e de lembrar que fui elogiada pela professora avaliadora, que disse que a ideia e a realização do projeto eram "muito boas". Obrigada, professora! Talvez por isto eu cantarole agora...

Não ganhei a etapa regional, mas ganhei o suficiente para mim. Ganhei uma quantidade de experiência que não sou capaz de descrever. Presenciei a apresentação de artigos de diversos assuntos, dentro da comunicação. Participei de debates sobre curtas, documentários, radialismo, educação e comunicação, emprego, estágio, remuneração, diretrizes curriculares e tantos assuntos que não me lembro agora, mas que como boa aluna e uma "caloura" congressista, anotei, para poder lembrar depois. Troquei telefones e emails com as pessoas que me deram esta oportunidade, com a intenção, é claro, de trocar e aprimorar o conhecimento.

Desculpe a precariedade da foto, mas eu (ainda) não tenho uma
câmera decente. Este é o Professor Marques de Melo, agradecendo
a homenagem recebida.
Quero dar um destaque para duas ou três pessoas que conheci. A primeira pessoa é o Professor José Marques de Melo, e Professor com P maiúsculo justamente pela carga de conhecimento que esta figura apresenta. Muito simpático, educado e querido. Já tem uma idade que o impede de permanecer nos debates, mas os poucos minutos que passei perto dele já bastaram para sentir que ele é como uma biblioteca, só que com vida. O professor recebeu uma homenagem do Intercom Sul, por ser o Presidente de Honra do Intercom e seu idealizador, e por ser tudo isto que já descrevi, com palavras que agora são poucas, ou que nunca serão suficientes. Ganhei um livro de sua autoria por ter ficado até o finalzinho de um dos debates, coisa de "caxias" ou de "cdf". No meu caso era mesmo por que eu me interessava, e queria ouvir mais.



Eu e o professor Eduardo. Eu registrei pois foi um momento
bem significativo para mim. Pessoa linda, ele.
Uma outra pessoa é o professor Eduardo Meditsh. Quando vi que haveria um Painel de discussão com a sua presença tratei de me apressar, sentei bem na frente e fiz uma pergunta bem pertinente. Na verdade não foi bem assim, mas foi como eu imaginei. Mas, me lembro muito bem de ter dito a ele que me sentia privilegiada por estar ali, na presença dele e da Professora Valci Zucoloto - da Fenaj - e da Lilian Simione, presidente do sindicato dos jornalistas em Santa Catarina (mais por ele do que por elas, me desculpem as profissionais competentes). O mérito aqui não é a competência de um ou de outro profissional com o qual pude ter contato. É uma questão que faz parte de uma trajetória de vida. Eu não tinha condições de fazer faculdade. Batalhei e consegui com a ajuda de muitos. Depois na faculdade o desafio era entender o que tantos filósofos (era assim que eu imaginava os autores e professores, como filósofos da comunicação) diziam sobre o assunto que deveríamos pesquisar para este ou aquele trabalho. Estar com eles e ouvi-los pessoalmente é uma oportunidade única. Fico me perguntando como faço a citação das frases dele, ouvidas durante o debate... Manias herdadas em tempos de TCC.

Tive ainda a oportunidade de, com a professora Fran Rebelatto, da TVE - RS, participar de uma oficina sobre documentário. Perfeita. Aprendi muito, pensei novas possibilidades, tive uma nova perspectiva sobre concepção e produção de documentários, que tanto amo. Ficamos até o final também, conversando e contando "causos". A professora aproveitou a situação, com poucas pessoas, e nos presenteou com dvd's dos documentários que ela havia trazido como exemplos. Ganhei o dvd do "Quieta, non movere", de Lucho Bernal, apresentado por ela como exemplo de cuidado estético, cuja fotografia é belíssima.

Além destes, teve a Carolina, a Beatriz, o Tiago e o Lauriano, entre outros mestrandos, que apresentaram seus artigos sobre o audiovisual. Aprendi ainda mais. Eu já gostava de produções audiovisuais e agora, depois de tanta discussão e aprendizado, tenho certeza de que este é o caminho que quero trilhar. Apesar de ter o dom de escrever bastante - o que não significa qualidade - eu gosto mesmo é de gravar, editar e "contar a história pela imagem", como disse a professora Fran. Por isto, e por todas as outras coisas, estou muito feliz.

E termino este "editorial-sem-fim" agradecendo àqueles que fizeram, deste, um momento possível na minha vida. O Eduardo, o Amauri, o Gabriel, a Fernanda, a Camila, o Leonardo, a Suyanne, a Monica e o CACOM (me desculpe se esqueci alguém). Marido, chefes, amigos, professores e colegas que me deram força, financiaram, apoiaram e incentivaram de alguma forma, além é claro de me liberarem para estar ausente nestes dias. Não coloquei os nomes completos para preservar as pessoas, mas cada um sabe que é dele que estou falando. A vocês, meu muito obrigada!

A situação descrita no início - que muitos nem lembram mais, se é que alguém está lendo este texto chato - diz respeito às coisas que têm importância apenas para alguns. Hoje é o casamento, amanhã ou depois é a vida normal. Assim como ganhar ou perder o primeiro lugar num congresso, amanhã ninguém lembra mais. Mas o conhecimento, ah, o conhecimento não se perde nunca, e o melhor, não ocupa espaço!

Agora vou ler meu livro, ver meu filme, e pensar no próximo trabalho que vou inscrever no Intercom Sul 2013. Tentar: sempre. Perder: às vezes. Desistir? Jamais!

- e me desculpe o tamanho do texto. Falei muito e ainda assim não contei tudo que vi - 

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